criminalização dos movimentos sociais

Entidades de classe classificam prisão de policiais militares de criminalização dos movimentos sociais

Natal, 10 de fevereiro de 2012 – Criminalização dos movimentos sociais, assim foram classificados os mandados de prisão expedidos para os líderes do movimento grevista dos policiais militares da Bahia, entre eles o Cabo Jeoás. A opinião generalizada foi expressa hoje durante um ato, realizado pelas entidades de classe potiguares, em favor da mobilização dos policiais militares. 

Durante o ato foi distribuída uma nota de apoio elaborada pelas diversas entidades de classe que participaram da caminhada que se iniciou no Viaduto do Baldo e seguiu pela Avenida Rio Branco até o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Além de se solidarizar com o Cabo Jeoás, que é presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM/RN e vice-presidente da Associação Nacional dos Praças, e com os policiais militares de todo o Brasil, o ato também quis mostrar a sociedade a atual situação de luta dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho.

De acordo com o presidente do Sinpol, Djair Oliveira, “esse é um momento histórico por reunir várias entidades em defesa da democracia. É uma vergonha o que está acontecendo com o Cabo Jeoás e não podemos aceitar essa falta de responsabilidade por parte do governo, que está criminalizando o trabalhador”.

O coordenador geral do Sintest e presidente do PSOL/RN, Sandro Pimentel, disse que a perseguição de dirigentes é uma tentativa de enfraquecer a luta dos trabalhadores. “Passamos por um processo de revolta e indignação de todas as áreas da classe trabalhadora. O que aconteceu na Bahia é a criminalização dos movimentos sociais e dos dirigentes das entidades representantes da classe. É o mesmo que foi feito na ditadura quando quem lutava pelos direitos da classe trabalhadora era procurado, preso e até mesmo morto”.

A representante da executiva da Conlutas e presidente do Sindsaúde, Sônia Godeiro, condenou a opressão ao Cabo Jeoás e a interpretou como um ataque ao movimento. Mesma opinião de Moacir Soares, presidente da CTB – Central dos Trabalhadores do Brasil e presidente do SINTECT-RN (Sindicato dos Correios), que reforçou a importância da união e do apoio à luta dos trabalhadores e defendeu a anistia do Cabo Jeoás e todos os policiais militares que participaram da mobilização baiana.

A direção da Associação dos Cabos e Soldados da PM/RN reforçou a posição de defesa do Cabo Jeoás e a certeza da dignidade e inocência dele de todos os crimes que ele foi acusado. A assessoria jurídica da entidade está analisando o teor das acusações para então pedir a revogação do mandado de prisão contra Jeoás.

Veja a nota de apoio na íntegra:

MOVIMENTO DE APOIO AOS POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES DA BAHIA
POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES TAMBÉM SÃO TRABALHADORES!

Os policiais e bombeiros militares da Bahia deflagraram greve no último dia 31/01, desde então o Governo ao invés de negociar de forma democrática e através do diálogo, no sentido de avançar no processo de negociação com os grevistas, optou por solucionar o problema da maneira muito contraditória para uma administração supostamente democrática e popular, isto é, dificultando o processo de negociação e buscando apoio em Forças Policiais Federais para reprimir o movimento paredista, buscando criminalizar os movimentos sociais.
Temos 12 policiais militares que tiveram sua prisão preventiva decretada e são considerados foragidos da Justiça Baiana desde sábado dia 04 (quatro) entre eles, o Potiguar Cabo Jeoás Nascimento dos Santos que está sendo “caçado” por tropas federais quando na verdade, seu único crime foi reivindicar melhores condições de trabalho para sua categoria. O PM potiguar é Presidente da Associação de Cabos e Soldados do RN e Vice-Presidente da ANASPRA – Associação Nacional dos Praças.
No Brasil, o final da década de 70 e parte dos anos 80 foram marcados por movimentos sociais contra o regime militar que reprimia violentamente toda e qualquer manifestação da classe trabalhadora e de militantes estudantis, portanto, não podemos permitir que a ditadura retorne ao nosso país, queremos avançar com o fortalecimento da democracia, de modo que um trabalhador e/ou uma trabalhadora não seja considerado (a) criminoso (a) simplesmente porque se organiza para reivindicar direitos como, condições de trabalho e melhores salários.
Policiais são seres humanos, trabalhadores e cidadãos, titulares, portanto, dos direitos humanos, é com esta certeza que estamos saindo às ruas para defender a anistia de nossos companheiros, o direito à sindicalização e solicitar o apoio da população, à greve dos policiais e bombeiros militares que têm a legitimidade política de lutarem por direitos trabalhistas.

SINDGUARDAS/RN, SINDSAÚDE/RN, SINPOL/RN, CONLUTAS, CTB, FECEB, STTN, FECNAT, SINDIPETRO/RN, SINTECT/RN, SINTEST/RN, MANDATO DO VEREADOR DE GEORGE CÂMARA/ PC do B, PSTU, SINTRO/RN, CONSELHO COMUNITÁRIO DO BOM PASTOR, ASSOCIAÇÃO BENEFICIENTE DOS MORADORES DO LOTEAMENTO PARQUE FLORESTA, APAC, SINDEF, SINSEGUR, SINDAS.