A SEGURANÇA EM SUAS MÃOS

A SEGURANÇA EM SUAS MÃOS
O DIA EM QUE A PM/RN PAROU!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O DIA EM QUE BETHOVEN DESAFINOU


Por CB Marcos Teixeira: O DIA EM QUE BETHOVEN DESAFINOU

Acs PM RN
Recentemente uma declaração bastante inoportuna gerou um enorme blá-blá-blá no interior da tropa policial militar do nosso estado, falo de um comentário de um certo Wendel Bethoven, promotor de justiça, sobre folga dos policiais e respectivamente a prática dos serviços extras, denominados “bicos”. Ao que disse o magistrado: “ os prolongados períodos de folga geralmente alternando-se em 24h de serviço por 72h de folga. Não há de se conceber que um homem sadio e em pleno vigor físico permaneça tanto tempo no ócio”.


O mesmo promotor ainda atribuiu a três fatores a facilitação do “bico”, mais uma vez sem propriedade e numa concepção simplista, típica de um leigo no assunto, então vejamos:
Confusão entre segurança pública e privada;
Baixa remuneração;
E jornada de trabalho dos policiais . ( Que para ele é folgada).


Vamos fazer uma rápida análise, ponto a ponto da visão estreita do promotor. Na verdade não existe confusão alguma entre as duas modalidades de segurança (pública e privada) estas na verdade se complementam, existe sim, uma demanda muito grande em função da omissão do estado em oferecer segurança pública de qualidade, fato esse que não é percebido pelo ministério público, do qual faz parte o nobre magistrado, cuja atividade fim, seria cobrar do estado o direito constitucional do cidadão a esse serviço essencial.


Quanto à baixa remuneração, podemos até encontrar fios de razão, porém não é fator determinante, uma vez que, o número de policiais envolvidos nesses serviços é mínimo se comparado ao efetivo total da policia militar. E mais, se confrontarmos esse dado, com dados do próprio ministério público, perceberemos que os magistrados do Rio grande do Norte ( leia-se juízes, promotores, desembargadores, procuradores) apesar de terem um salário exorbitante, vivem fazendo “bicos” em quase todas as universidades e faculdades e até em cursinhos, como professores, diga-se de passagem, alguns atribuindo valor secundário a atividade acadêmica e dando aulas de péssima qualidade.


Já referente à jornada de trabalho e conseqüentemente a folga do policial, ai sim, é que o magistrado demonstra desconhecer a realidade, pois todo aquele que trabalha em jornada de 24h ininterrupta, tem garantido por lei a folga de 72h, o que nunca ocorreu na policia militar, que só permite a folga de 48h, sendo a de 72h um fato recente e ainda pontual dentro da corporação. Um representante do MP folga muito mais, pois enquanto trabalhamos três dias em um, eles trabalham apenas ¼ de dia em um, já que a sua jornada é de 6h diárias. Assim em um dia trabalhado, o policial militar responde por quatro dias de um promotor.


Quando ele se refere ao completo vigor físico e mental do policial, que segundo o mesmo vive do ócio, engana-se mais uma vez, pois o policial militar é a categoria profissional que mais é vitimada por problemas psicológicos, psiquiátricos, problemas de stress motivado pelas jornadas sobre-humanas a que é submetido, as pressões do serviço diário na mediação de conflitos e nas derrotas constantes em sua atividade fim, do abuso da hierarquia e das constantes injustiças advindas da própria justiça, do stress característico de quem vive na linha tênue do medo, sem o direito de errar. Raramente um policial vai para a reserva, após trinta anos de serviço com a saúde inabalada.


A essa altura, se leu os comentários e a repercussão de suas declarações o promotor já deve ter mudado de opinião, mesmo assim, nos preocupa esta visão, que esperamos não seja de todo o corpo do ministério público do RN, afinal, são eles os fiscais atentos da atuação de poder do estado sobre os cidadãos, que também o somos.
Pra te ser sincero nem sei por qual razão ainda me dispus a comentar tamanha sandice, pois esse é o tipo do comentário que não merece comentário...
A propósito, o outro Bethoven era surdo ou cego?
Marcos Teixeira
É sociólogo e acadêmico de direito da UERN. Atualmente diretor de comunicação da ACSPMRN.

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